Artigo – Gourmetização x Ubertização


Nos últimos anos temos presenciado um crescente processo de gourmetização de produtos e serviços, onde em alguns casos tem nos proporcionando novas e diferentes experiências, mas que em sua grande maioria se limita a pequenas adições ou mudanças de nomenclatura, absolutamente incompatíveis com os valores cobrados. Do picolé que virou paleta e teve o preço quintuplicado, passando pelo sanduiche que se tornou gourmet porque a lanchonete agora se chama hamburgueria, indo até a tradicional tapioca vendida com seu preço multiplicado por ser servida em um prato branco com um fio de azeite, esse processo de gourmetização vem se construindo na contramão da economia moderna.
Já de forma antagônica e alinhada com os novos paradigmas da sociedade moderna, temos o Uber, o serviço digital na área de transporte privado que rapidamente se tornou uma inconteste referência de melhores serviços a preços mais baixos. Adorado por seus usuários e detestado pelos taxistas que perdem mercado na nova economia, o Uber vem revolucionando o mercado de tal forma que sua marca está sendo adotada como sinônimo de uma nova categoria de negócios.
O modelo Uber, onde a automação da relação entre fornecedor e usuário diminui os pontos de atrito, somado a oferta de prestadores de serviços pré-selecionados de forma qualitativa e avaliados colaborativamente em tempo real, tem servido de plataforma para outros tipos de negócios. Já podemos encontrar negócios auto-denominados de Uber, como forma de adjetivação de qualidade e modelo de negócios. Como exemplos temos no Brasil o Singu, descrito como “Uber da beleza”, o aplicativo oferece os serviços de cabeleireiro, depilação e manicure em domicílio. Já o Docway é o “Uber da saúde”, um aplicativo desenvolvido para agendamento médico que garante que em caso de emergência que um especialista vai bater na sua porta em no máximo três horas, nos moldes do antigo médicos de família. Já nos Estados Unidos, dentre diversos outros “Ubers” já existem empresas como a Booster Fuels, considerada o “Uber da Gasolina”, que por meio de caminhões pipa, fazem o abastecimento móvel.
Diante destes tão divergentes modelos de negócio, só nos resta desejar que haja uma Ubertização dos Gourmetizados, proporcionando assim, produtos e serviços melhores e mais convergentes com os desejos e necessidades do usuário a um preço mais competitivo.
Umehara Parente
 

5 de janeiro de 2017